Última atualização em 17/01/2017 por admin
O destino de Geddel Vieira no governo Temer já estava mesmo traçado. Se sobrevivesse, no cargo de ministro-chefe da Secretaria de Governo, ao escândalo causado por sua interferência junto ao colega Marcelo Calero, da Cultura, para levar o Iphan a aprovar um projeto imobiliário ilegal em Salvador, não escaparia da Operação “Cui Bono?” (a quem beneficia?), da Polícia Federal. Executada na sexta-feira cedo, como é praxe na PF, ela recolheu documentos em residências do político baiano, os quais levam o Ministério Público a denunciar Geddel e um grupo de constituírem uma “organização criminosa” para atuar na Caixa Econômica Federal (CEF). Estiveram juntos com o ex-ministro, segundo promotores, personagens sugestivos: o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, em recolhimento forçado na carceragem da Lava-Jato; o doleiro Lúcio Bolonha Funaro e Fábio Cleto, estes dois ligados em outras histórias também a Cunha. Parece mais um caso desses de corrupção. Mas com a peculiaridade de reunir aspectos clássicos desses esquemas montados entre políticos poderosos de ocasião, para ocupar postos em estatais e, a partir deles, vender facilidades a empresários privados, com as propinas sendo destinadas aos subterrâneos financeiros eleitorais e, é certo, bolsos particulares. É um exemplo irretocável do manual de corrupção seguido nestes tempos lulopetistas. Geddel foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da CEF, entre 2011 e 2013, enquanto Fábio Cleto operava como vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias do banco público. Funaro e Cunha transitavam nos canais obscuros de intermediação de pedidos de empréstimos por grandes empesas, concedidos mediante pagamentos “por fora”. Algo como a “taxa de urgência” de cartórios. Cunha, Cleto e Funaro já haviam sido detectados em operações deste tipo no fundo de investimento gerenciado pela CEF com dinheiro do FGTS (FI-FGTS). Esperam a PF e o MP que provas coletadas junto a Geddel Vieira ajudem também a iluminar estes e outros negócios, como em fundos de pensão de empresas públicas. A Funcef, dos funcionários da Caixa, é um dos maiores. No esquadrinhamento da atuação dessa “organização criminosa” na CEF, as investigações se depararam, no outro lado do balcão, com empresas como a J&F Investimentos, proprietária do frigorífico JBS, Marfig, também frigorífico e com o grupo Constantino, controlador da Gol. Empresas que também costumam ser clientes do BNDES e fortes financiadoras de campanhas. Registre-se, ainda, que este caso é mais um elo do lulopetismo com o PMDB de Geddel e Cunha, num esquema de corrupção no atacado.