Última atualização em 16/12/2016 por admin
RIO – A Petros, fundo de pensão da Petrobras, registrou reclamação junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta quarta-feira pedindo que sejam investigados os administradores e gestores de Fundos de Investimentos em Participações (FIPs) nos quais a fundação investiu. FIPs são fundos geralmente criados para comprar empresas de capital fechado. Um dos FIPs em questão é o Enseada, criado para viabilizar o retorno da marca Gradiente mas que acabou fazendo com que a Petros virasse alvo da operação Greenfield, da Polícia Federal, em setembro.
A reclamação ainda não consta no portal da CVM. Caso a autarquia considere a queixa procedente, ela pode se transformar em um processo sancionador e ser julgado após investigação.
No caso do FIP Enseada, a representação é contra a BEM Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários e o Bradesco Asset Management, administradora e gestora do fundo e ambas integrantes do grupo Bradesco.
O FIP investiu R$ 68,5 milhões na Companhia Brasileira de Tecnologia Digital (CBTD), da marca Gradiente. A Petros fez um investimento em 2011 subscrevendo 25% das quotas do FIP. Ela fez o aporte juntamente com a Funcef, com a Agência de Fomento do Amazonas (Afeam) e com a Jabil, empresa que era credora da Gradiente.
Como o retorno da Gradiente não foi bem sucedida, o investimento dos fundos virou pó. Segundo relatório final da CPI dos Fundos de Pensão, a Petros alienou suas cotas em 2014 por valor simbólico de R$ 0,25, enquanto a Funcef o fez por R$ 1.
“A Petros questiona a possibilidade de conflito de interesse, uma vez que o Bradesco também era o principal credor da Gradiente e os recursos provenientes de sua recuperação extrajudicial seriam destinados à quitação das dívidas junto ao próprio banco”, afirmou a Petros em comunicado.
Outro FIP alvo de reclamação da Petros é o Brasil Petróleo 1. De acordo com a fundação, ele foi criado em 2012 para investir em empresas e projetos ligados ao setor de petróleo e gás. A notificação da fundação é contra a Caixa Econômica Federal, administradora do fundo, e os gestores Mare Investimentos Ltda. e Mantiq Investimentos Ltda.
“O questionamento se refere a mudanças na estratégia de investimentos, sem aprovação dos cotistas, o que configura violação à legislação e ao regulamento do fundo. Isso porque, em vez de investir na construção de uma fábrica no Brasil, conforme previa o plano de negócios, decidiram destinar os recursos para a implantação de uma fábrica nos Estados Unidos, trazendo como risco de investimento a aplicação da legislação daquele país”, disse a Petros.
Segundo a fundação, o negócio levou ao provisionamento de R$ 100,3 milhões para o fundo, do qual a Petros detém 17,08% de participação.
Nos requerimentos, a Petros solicita ainda que, caso conclua pela ocorrência de crime de ação penal pública, a CVM comunique ao Ministério Público para que tome as providências cabíveis no sentido de responsabilizar os envolvidos e recuperar os recursos investidos.
Em 2015, a Petros registrou déficit de R$ 16,1 bilhões (dados ainda preliminares, segundo Mendes) e vai precisar apresentar um plano de equacionamento até o fim do ano.
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