Última atualização em 27/09/2016 por admin
Diante da tendência de envelhecimento da população brasileira e da cifra já elevada do gasto com aposentadorias e pensões, dentro de menos de 50 anos o Brasil gastará, somente com a Previdência, o equivalente a 20% do Produto Interno Bruto (PIB). Este patamar será atingido em 2060. A proporção subirá para 24,7% em 2100 — se nada for feito. Os dados constam de um estudo, obtido com exclusividade pelo GLOBO, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O documento, prestes a ser publicado, considera a projeção demográfica da Organização das Nações Unidas (ONU).
No ano passado, a despesa com aposentadorias, pensões e benefícios assistenciais (pagos a idosos e deficientes da baixa renda) atingiu R$ 583,3 bilhões, somando trabalhadores do setor privado e funcionários públicos federais. O valor representou 50,3% da despesa primária total da União e cerca de 9,9% do PIB. Demais benefícios como auxílio-doença, acidentários, não foram incluídos nos cálculos.
— A trajetória da despesa com Previdência, sem reforma, é insustentável a médio e longo prazos — afirma Rogerio Nagamine Costanzi, responsável pelo estudo, com Graziela Ansiliero.
Ele aponta pelo menos três razões para justificar a reforma da Previdência. Primeiro, considerando só o Regime Geral de Previdência Social (INSS), a despesa já vem crescendo, tendo subido de 4% do PIB na década de 90 para 7,4% em 2015 (e podendo chegar a 8% este ano). Segundo, somando-se o regime próprio da União aos benefícios assistenciais, o gasto chega a 12% do PIB, o mesmo patamar de países em que a população de idosos é pelo menos o dobro da do Brasil. Em terceiro, o envelhecimento populacional, que vai pressionar a despesa em proporção ao tamanho da economia.