Última atualização em 01/06/2016 por admin
A Previdência Social enfrenta crescentes dificuldades no Brasil e no Mundo e, a exemplo do que acontece no exterior, os fundos de pensão podem ajudar e muito. O economista Luís Roberto Troster, sócio fundador da Troster & Associados, valoriza a participação dos fundos de pensão na solução para a encruzilhada da Previdência no Brasil. Ele vê a origem do problema na adoção do sistema de repartição simples. “É um erro antigo, que está se agravando porque há cada vez mais gente aposentada do que na ativa e não se formou poupança. Não foi criado um pecúlio e os gastos são crescentes. Atuarialmente está muito errado. Por que eu devo pagar pela aposentadoria do meu pai?”
Os problemas que aguardam a Previdência Social no futuro, resultado de seus explosivos gastos crescentes, não é um problema exclusivo do Brasil. Relatório divulgado dias atrás pela agência americana de avaliação de crédito Standard & Poor`s (S&P) aponta que 25% das 58 maiores economias serão consideradas de alto risco por causa de suas elevadas despesas previdenciárias, que comprometem cada vez mais as receitas fiscais. O Brasil é um dos quatro países onde a pressão será maior por causa do envelhecimento da população. A boa notícia é que os fundos de pensão privados podem fazer parte da solução.
O estudo da S&P ”O impacto do envelhecimento da população nos ratings soberanos”, precedido pelo “Envelhecimento Global 2016: 58 tons de cinza”, prevê que os gastos com aposentadorias e pensões nesse grupo de 58 países vai chegar a 9,1% do PIB em 2050, em comparação com os 7,9% atuais, se medidas não forem tomadas para contrabalançar o envelhecimento da população. No caso do Brasil, o percentual vai crescer no período mais do que a média para 16,8% do PIB, considerando apenas as aposentadorias, e passa de 13% para 25,6% se forem incluídas as despesas com saúde. Atualmente, os gastos da Previdência no país são calculados em 7,6% do PIB pelo governo.
A S&P lembra que o problema pega as principais economias globais com as finanças ainda abaladas pela crise internacional de 2008, que aumentou o endividamento público com as operações de salvamento de bancos, empresas e medidas para reativar os negócios. A pressão extra vem de uma importante mudança no padrão demográfico mundial, ocasionada pelo aumento da expectativa de vida das pessoas combinado com a redução da taxa de fecundidade. Ou seja, ao mesmo tempo em que as pessoas vivem mais, nasce menos gente. Isso amplia a chamada taxa de dependência, que mede a relação entre a população acima de 65, geralmente aposentada, e a faixa entre 15 e 64 anos, que ainda atua no mercado de trabalho.
Sistema em xeque – O aumento da taxa de dependência põe em xeque o sistema clássico da Previdência Social, em que os mais jovens trabalham e recolhem as contribuições que bancam as aposentadorias dos mais velhos. Com menos gente trabalhando e a população vivendo mais, haverá mais pressão sobre os cofres do governo. A taxa média de dependência dos 58 países analisados pela S&P vai dobrar até 2050, para chegar aos 42,5%. No Brasil, a situação vai ficar pior porque a taxa vai triplicar dos atuais 11,3% para 36,6%, em parte porque a expectativa de vida no país aumentou muito, de 53 anos, em 1955, para 73 anos atualmente, acima dos 71,4 anos da média mundial.