Última atualização em 03/12/2015 por admin
Uma anotação apreendida no dia das prisões do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e do banqueiro André Esteves, ligando o BTG Pactual a uma suposta propina de R$ 45 milhões, trouxe para o centro da Lava Jato o nome de um lobista conectado ao presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL).
Capturada na casa do chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira, o manuscrito dizia que o dinheiro fora pago ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e cita como participantes da operação o executivo do BTG Carlos Fonseca “em conjunto com Milthon Lyra”.
Segundo procuradores da Lava Jato, trata-se de Milton de Oliveira Lyra Filho (e não “Milthon”, como o bilhete grafa equivocadamente).
Miltinho, 44, como é conhecido, já foi citado por delatores como operador de Renan no Postalis, o fundo de pensão dos servidores dos Correios. Quatro requerimentos para ouvi-lo foram apresentados na CPI dos Fundos de Pensão, mas não votados.
Uma das operações atribuídas a ele e que chamou a atenção da CPI foi a emissão de debêntures pelo Galileo Educacional, que controla a Universidade Gama Filho, em 2010. O grupo emitiu R$ 100 milhões destes títulos, cujo lastro era o pagamento de mensalidade dos alunos de medicina. O Postalis adquiriu R$ 75 milhões dos papéis.
Com o descredenciamento da universidade pelo Ministério da Educação, em 2014, a garantia de pagamento das debêntures evaporou.
No mesmo ano, dois cunhados de Miltinho compraram a sede da Postalis no Distrito Federal por R$ 8 milhões, mas os escritórios do fundo continuaram no mesmo endereço, a um aluguel mensal de R$ 139 mil. O prédio foi revendido depois.
Num dos depoimentos de sua delação premiada, o doleiro Alberto Youssef atribuiu a Renan o controle sobre a diretoria financeira do fundo. O senador sempre negou qualquer irregularidade.