Associação dos Participantes e Assistidos de Fundações e Sociedades Civis de Previdência Complementar da Área de Telecomunicações

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Inflação se espalha e é a maior do ano -fonte Correio Brasiliense

Última atualização em 09/10/2014 por admin

DragaoInflacaoPela 12ª vez na era Dilma Rousseff, a inflação estourou o teto da meta anual fixada pelo próprio governo. Puxado pelo grupo alimentação, que voltou a atormentar os brasileiros, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais que dobrou de agosto para setembro, acelerando de 0,25% para 0,57%, segundo divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado de 12 meses, o indicador oficial da carestia alcançou 6,75%, o maior patamar desde outubro de 2011, superando a margem de tolerância de 6,5% ao ano.
Além de dar sinais de que segue avançando de maneira firme e desenfreada, a inflação se mostrou disseminada e ficou acima de todas as expectativas do mercado. O IPCA insiste em contrariar o discurso da presidente, em campanha pela sua reeleição, de que a escalada dos preços está sob controle. Contra ela, os números não deixam dúvidas quanto ao aumento consistente dos preços. O chamado índice de difusão subiu de 53,3% para 61,4%. Ou seja: a alta se espalhou pela cesta de produtos dos consumidores.
Todos os nove grupos pesquisados pelo IBGE registraram avanço, incluindo o de habitação (0,77%), impulsionado pelo reajuste da energia elétrica, que em Brasília foi de 12,54%. Em setembro de 2012, Dilma anunciou, em cadeia nacional, a redução da energia. A “excelente notícia” não vingou, e as contas têm tirado o sono da universitária Ana Carolina Pinheiro, de 23 anos. Quando viu a conta de luz de setembro, tomou um susto. “Cheguei a pensar que tivesse aumentado o consumo, mas foi só o reajuste mesmo”, contou.
Os itens que ficaram bem mais caros na mesa, como carne (3,17%) e cebola (3,17%), deram a tônica do IPCA no mês passado. A servidora pública Patrícia Melo, 41, cortou o que considerava supérfluo e não compra mais antes de pesquisar em vários supermercados. Ainda assim, tem desembolsado pelo menos R$ 800. “Dá dó cortar algumas coisas, mas tenho feito o que posso para economizar”, desabafou.
Serviços
O avanço do IPCA superou todas as expectativas. Não à toa, o governo – persistente no discurso de normalidade – estimula expectativas pouco otimistas. “Da mesma forma que o índice cheio, os núcleos da inflação aceleraram em relação ao mês anterior, assim como os serviços”, sustentou Elson Teles, economista do Itaú Unibanco, que ajustou a projeção para o IPCA deste ano de 6,4% para 6,5%, o teto da meta.
O índice divulgado ontem superou as apostas mais pessimistas do mercado. “A resistência da inflação é generalizada. O alívio observado em meados deste ano, como esperado, durou pouco”, sublinhou o economista-sênior do BES Investimento do Brasil, Flávio Serrano, reforçando que a carestia dos serviços voltou a acelerar, com alta de 0,77%, após avanço de 0,59% em agosto.
A gerente de pesquisas do IBGE, Irene Machado, atribuiu a aceleração da inflação de serviços a uma demanda que, na avaliação dela, se mantém aquecida pelo nível de renda dos brasileiros. Por outro lado, os preços mais altos, ao minar o poder de compra e frear o ímpeto pelo consumo, afetam a produção e podem comprometer o emprego.
Não é surpresa, acrescentou a coordenadora de Ìndices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, que os preços dos alimentos retomem a força neste período de entressafra, embora reconheça que a alta tenha sido “considerável”. Ela fez questão de destacar um novo aumento das passagens aéreas (17,85%), que pesaram no grupo transportes.
Os cenários traçados para o restante do ano não são os melhores. “Tendo em vista a expectativa de aceleração dos preços da soja, do milho, do trigo, das aves e das carnes, a pressão sobre a alimentação no varejo deve aumentar ao longo de outubro”, comentou o economista-chefe da Concórdia Corretora, Flávio Combat, que prevê um IPCA de 0,60% ao fim deste mês.
Tendências
Os preços dos serviços e de alimentos manterão o índice oficial de inflação do país acima da meta até, pelo menos, o fim deste ano, no entender do estrategista-chefe do Banco Mizuno, Luciano Rostagno. “A recente depreciação acentuada do real não só representa um risco para as perspectivas de inflação para 2014, como ameaça 2015”, completou, considerando a situação preocupante.
O avanço dos preços atinge as contas e o bem-estar dos brasileiros. “Estou assustada com o custo de vida. Tenho filho pequeno e, na hora de comprar leite e frutas, estou sentindo o baque”, sublinhou a gerente Adriana Vitória Gomes, 26, que se mudou de Goiânia para Brasília há duas semanas. “Está tudo ainda mais caro aqui. Um quilo de laranja, que lá eu comprava por R$ 0,49, sai por R$ 1”, comparou.
Sem saída
Nem mesmo os juros altos, os preços represados artificialmente – como o de combustíveis – e a economia em recessão técnica têm conseguido deter a pressão inflacionária. A meta de 4,5%, que deveria nortear as ações da política econômica, acabou sendo ignorada, virando um referencial fictício, impossível de ser alcançado a curto prazo. 

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