Última atualização em 29/09/2014 por admin
Amanhã vence o prazo para a Argentina pagar mais uma parcela da dívida reestruturada. A perspectiva de que o país não sairá do “default” tão cedo agravou um cenário econômico já sombrio no país. O governo continua a utilizar o confronto como única ferramenta para tentar contornar os problemas internos e externos. No fim de semana, aumentaram os rumores de que Cristina Kirchner poderá fazer mudanças na equipe nos próximos dias.
A parcela que vence amanhã soma em torno de US$ 200 milhões. Nos últimos dias o governo conseguiu aprovar uma lei para oferecer Buenos Aires e França como novos locais para pagar aos credores que aceitaram a restruturação. Mas até agora não há sinais de que esses credores estariam dispostos a aceitar a ideia.
O dinheiro referente à parcela que venceu em 30 de julho continua bloqueado nos Estados Unidos. O governo argentino fez o depósito, mas o juiz Thomas Griesa determinou o bloqueio até que não seja cumprida a sentença que determinou pagamento integral ao grupo de credores que rejeitou a reestruturação feita em 2005 e 2010, referente ao calote de 2001.
Do total de US$ 200 milhões da parcela que vence amanhã, Griesa autorizou o Citibank a efetuar o pagamento de US$ 5 milhões – “somente desta vez” -, referentes a títulos emitidos sob jurisdição argentina. O gesto de Griesa atende pedido do banco, que temia pelas operações dentro da própria Argentina. Mas não alivia o problema para a Argentina.
A expectativa dos analistas é que o governo passe a depositar o dinheiro dos credores que aceitaram a troca de títulos no Nación Fideicomisos, agente fiduciário do seu banco estatal Nación. “Esse tipo de atitude parece um tanto inútil; não há sinais de que os credores da parte reestruturada aceitem a troca do local do pagamento”, afirma Dante Sica, da consultoria Abeceb.
Publicamente, o governo quase não tem se manifestado a respeito dos próximos pagamentos da dívida. Culpar os fundos que venceram a batalha na Justiça foi o principal alvo do discurso de Cristina durante assembleia das Nações Unidas na semana passada, o que provocou mal estar entre as autoridades americanas.
O problema da dívida externa passou a ser apenas um dos inúmeros problemas que o governo tem à sua frente. As sucessivas altas do dólar no mercado paralelo, nos últimos dias, elevaram para 80% sua diferença para o câmbio oficial. “O governo não dá sinais de uma nova desvalorização do peso. Mas mesmo que o faça até o final do ano, isso será insuficiente para compensar o aumento da inflação”, destaca Sica.
Para ele, desvalorizar o peso não funcionará a prevalecer o aumento do déficit fiscal e a emissão monetária “Vamos ver a repetição do que aconteceu no início do ano. A desvalorização de janeiro perdeu o efeito em pouco tempo”, destaca o economista.
A uma emissora de rádio, Marco Lavagna, diretor da consultoria Ecolatina, criticou a falta de uma ação coordenada entre Ministério da Economia e Banco Central. “Sem programa econômico a desvalorização nos levará aos problemas de janeiro, quando houve aumento de preços”, disse. Os economistas preveem inflação de 40% este ano.
Prevalece também um clima tenso com os importadores, que se queixam da falta de liberação de dólares pelo Banco Central. A forma que o governo encontrou para tentar contornar o problema foi chamar os principais importadores, sobretudo das montadoras, para uma série de reuniões.
Em meio a tantos obstáculos, ganharam espaço os comentários de que Cristina prepara mudanças na equipe. O jornal “La Nación” dá como certa a saída do ministro-chefe de gabinete, Jorge Capitanich. Com o intuito de fortalecer a base kirchenerista com vistas às eleições em 2015, Capitanich voltaria para Chaco, Província que governou até ser convocado por Cristina em novembro. Axel Kicillof, o ministro da Fazenda, chegou a ser citado para substituí-lo. Mas há outros candidatos, como Mariano Recalde, atual presidente da Aerolíneas Argentinas