Última atualização em 22/07/2014 por admin
As empresas criam planos antes de mais nada para reter talentos dentro da organização. Verdade antiga e sempre atual, tal motivação para se tornar uma patrocinadora anda ganhando nos últimos meses uma atualidade ainda maior. “Entre 10% e 15% dos planos administrados hoje pela Mercer estão em processo de revisão”, informa Mauro Machado Pereira, consultor da Mercer, citando como razão para isso a cada vez maior percepção pelos empresários da necessidade de tornarem a sua previdência complementar mais atrativa para segurarem os mais talentosos dentro de casa.
“Reter esses talentos tornou-se ainda mais fundamental hoje em dia, diante da carência de mão de obra qualificada”, completa Mauro, apontando como segunda causa dessas revisões a crescente dificuldade em fazer os investimentos renderem adequadamente.
E Newton Conde, da CCA Consultoria Atuarial, acrescenta que há sim espaço para essas revisões: “os planos brasileiros podem sem dúvida ganhar em flexibilidade”.
Para Mauro, a guerra por talentos recrudesceu não apenas porque o sistema educacional brasileiro não forma mão de obra qualificada no ritmo requerido, como adicionalmente não tem sido fácil para as empresas entender as demandas dos jovens.
Nas empresas mais maduras convivem profissionais de diferentes faixas etárias e as gerações mais jovens demonstram uma forma de pensar com que as organizações nem sempre têm facilidade de lidar. Mas de uma coisa os empresários parecem ter certeza: a dedutibilidade das contribuições é algo apreciado por esse público, o que reforça a preferência por rever os planos para torná-los mais atrativos e, assim, reter os talentos tão desejados quanto escassos.
Com as mudanças nos planos, diz Mauro, um possível caminho à frente inclui uma elevação das contribuições. Algo que a seu ver precisará ser acompanhado de perto de um maior esforço voltado para a educação previdenciária e financeira.
No entender de Newton Conde, o desafio que se coloca hoje para os planos de previdência complementar fechado é tornarem-se principalmente mais flexíveis. “Em alguns casos tal flexibilidade pode até demandar mudanças nas normas, mas junto deve mudar a mentalidade”.
Com participantes melhor educados e planos mais flexíveis, diz ele, “todos seremos mais demandados, especialmente nas áreas de pagamento de benefícios e de sistemas”.
Até as áreas de investimentos poderão ser mais demandadas, se a tal flexibilidade permitir que os participantes mudem os seus perfis de aplicadores com maior frequência, adiciona Newton.
Observa Newton que as normas hoje já permitem alterar com maior frequência o percentual de contribuição e receber os benefícios em diferentes formatos, como dentro de um determinado prazo, na base de um percentual sobre as reservas, na forma de benefícios decrescentes ou simulando a expectativa de vida e, ainda, calculado atuarialmente todo ano. Newton recomenda criatividade nesse momento.
Saúde – Ao concluir suas pesquisas de remuneração e benefício, diz Mauro, as empresas estão descobrindo que a necessidade de mexer não se limita ao plano previdenciário, alcançando também o de saúde. “Os planos de saúde estão entrando nos pacotes de revisão”, observa.
Após toda uma vida protegidos pelo plano de saúde corporativo, um número com certeza crescente de profissionais percebe que, não podendo mais contar com a parceria de uma empresa, terão provavelmente uma enorme dificuldade em assumir eles próprios os custos sozinhos. Resultado, passam a pagar mais caro por condições inferiores às que usufruiam.
Na verdade, os fundos de pensão podem ser uma resposta também nesse caso, uma vez que permanece em estudos, no âmbito da Comissão Temática 2 do CNPC, a proposta de um plano de capitalização administrado por entidades com o objetivo de acumular reservas destinadas, no momento da aposentadoria, ao pagamento dos planos de saúde.