Última atualização em 11/06/2014 por admin
O Brasil é um dos países em desenvolvimento em que persistem vulnerabilidades devido à combinação de inflação alta e déficits em conta corrente, diz o Banco Mundial em relatório divulgado ontem, no qual rebaixou a projeção de crescimento do país para 2014 de 2,4% para 1,5%. Segundo o estudo, o Brasil é uma das economias em que reformas estruturais foram interrompidas nos últimos anos, a despeito de terem surgido gargalos estruturais de energia e infraestrutura e relacionados ao ambiente de negócios, obstáculos que restringiram o crescimento e a produtividade.
O Banco Mundial diz prever um crescimento fraco do Brasil neste ano por causa da “confiança dos empresários enfraquecida, do aperto do crédito e de outros impedimentos microeconômicos”. A estimativa para 2014 é próxima à dos economistas consultados pelo Banco Central, de 1,44%. Para 2015, o Banco Mundial prevê expansão de 2,7%, superior ao 1,8% esperado pelo mercado.
O relatório diz ainda que a alta da inflação é um fenômeno de países de renda média, como Brasil, Turquia e África do Sul, refletindo excesso de pressões de demanda nos últimos anos. Isso ocorreu devido à adoção de “políticas frouxas e do forte crescimento do crédito”.
Como a Turquia, Brasil é apontado pelo Banco Mundial como uma das economias em que as pressões domésticas sobre os preços e salários permanecem fortes, assim como o déficit em conta corrente. O Banco Mundial projeta um rombo nas transações de bens, serviços e rendas do Brasil com o exterior de 3,9% do PIB neste ano, acima dos 3,6% do PIB do ano passado.
O Banco Mundial destaca que os mercados continuam inquietos e que a especulação sobre o timing e a magnitude de mudanças nas políticas dos países desenvolvidos pode resultar em episódios adicionais de volatilidade. “Vulnerabilidades persistem em vários países que combinam inflação alta e déficits em conta corrente, como Brasil, África do Sul e Turquia. O risco aqui é que o recente relaxamento das condições financeiras internacionais sirva mais uma vez para impulsionar o crescimento do crédito, os déficits em conta corrente e as vulnerabilidades associadas.”
Embora o ciclo de crédito doméstico tenha começado a virar, estoques elevados de dívida e a rápida expansão nos últimos anos continuam a ser uma fonte de preocupação em várias países como Brasil, Indonésia, China, Índia, Malásia e Tailândia.