Última atualização em 22/05/2014 por admin
As reclamações sobre ingerência e aparelhamento provocaram a primeira derrota significativa para o governo em um fundo de pensão desde que o PT chegou à Presidência da República. Uma chapa formada por auditores da Caixa Econômica Federal, sem vinculação partidária ou com o movimento sindical, ganhou a disputa para representantes eleitos do Fundo de Pensão da Caixa (Funcef). A eleição foi realizada no início do mês e seu resultado, que saiu no dia 9, está sendo explorado em outra disputa de peso: a escolha dos representantes no fundo de pensão do Banco do Brasil, a Previ, maior do país.
Na Funcef, o terceiro maior, a oposição conquistou três vagas para diretores executivos, duas para o conselho deliberativo e uma para o conselho fiscal. Na Previ, são duas vagas de diretores, três conselheiros deliberativos e três conselheiros fiscais. Nos dois casos, a participação dá acesso a informações sobre as estratégias dos fundos e participação na tomada de decisão.
“A Funcef está deficitária em alguns planos e isso gerou insatisfação”, diz o secretário-geral da entidade, Geraldo Aparecido da Silva. Segundo ele, o discurso da chapa vencedora também foi muito calcado em críticas ao aparelhamento político. “A realidade da vida vai se encarregar de mostrar que é uma avaliação equivocada”.
De acordo com Silva, a Funcef tem poucas informações sobre os eleitos. A reportagem do Valor também tentou contato com eles, sem sucesso. Representantes mais conhecidos e grupos mais tradicionais no cenário político dos fundos de pensão estavam nas chapas perdedoras e também não têm referências dos eleitos. “Nas outras chapas, havia candidatos à reeleição, sindicalistas ligados a Contraf/CUT e a sindicatos regionais, como o do Espírito Santo. Não tenho conhecimento de relação deles com esses grupos”, conta Silva.
A única vinculação dos eleitos seria com a Associação de Auditores da Caixa (AudiCaixa), informa um participante da Funcef ligado ao PSTU.
Na Previ, um e-mail que circula entre participantes comemora o sucesso da estratégia dos auditores da Caixa e diz ser possível repetir o feito no fundo de pensão do Banco do Brasil. O texto defende o apoio a grupos “sem vínculo direto com partidos políticos e sem os vícios permeados nas [nossas] entidades classistas, sindicatos e outras entidades similares, historicamente ‘donas’ da situação”. “Tenta atrair o movimento dos sem partido, que também tem representantes entre os participantes”, resume um sindicalista.
Trata-se também de uma tentativa de atrair os insatisfeitos para o debate, já que as disputas recentes na Previ tiveram um grande número de abstenções e as chapas da situação alcançaram uma vitória apertada.